quarta-feira, 6 de abril de 2022

Eminence Front

Fazem oito meses que estou passando pela pior crise interna que eu poderia imaginar. As dívidas andam se acumulando, meus sonhos de atingir a estabilidade e conforto parecem cada vez mais distantes, isso tudo faz com que eu veja esses tapas na cara que a vida me dá como fases difíceis de um jogo que só vai piorar.

Eu ando experimentando algumas sensações, responsabilidades e situações que nunca imaginei que precisaria me submeter. Desde que decidi sair da casa dos meus pais em meio a um suspiro de conforto financeiro eu venho provando a mim mesmo que não sou tudo isso que pensei que era e que as dificuldades fazem parte da formação do homem.

Hoje, por exemplo, estava buscando inspirações para que conseguisse produzir qualquer coisa e encontrei um caderno de 12 anos atrás onde meu pai guardava os pensamentos dele. Tem desde rascunhos de equipamentos que ele desenvolvia até documentos importantes que ele achava que tinha perdido. Ali eu encontrei uma série de relatos que mostram o quanto ele se esforçou para trazer conforto para mim e minhas irmãs.

Minha relação com meu pai, até o final do ano passado só piorava. Foi quando eu descobri, com ajuda do meu psicólogo, que na verdade, na maioria das vezes, eu é quem provocava as discussões por não ter "maturidade" para lidar com certos tipos de problemas.

- Usei maturidade entre aspas por que maturidade não se trata de saber lidar com problemas, na minha opinião. Está mais ligado a como são solucionados do que com a primeira relação de quando eles aparecem -

Eu tive provas de que consigo sim ser um bom gestor, um bom filho, um bom marido, um bom líder e até quem sabe um bom pai no futuro. Os principais indícios disso são os resultados positivos que tivemos desde o dia 22 de dezembro de 2022. Data em que um fato bem específico aconteceu dividindo as águas do meu rio chamado vida. Desde aquele dia assumi praticamente todas as frentes da minha empresa melhorando não só a projeção financeira como deixando mais leve a minha relação com as pessoas que fazem parte do meu circulo.

Na minha visão isso faz parte da formação de um homem, e por mais que eu tenha passado por momentos em que achei que não teria como comprar comida, posso dizer que demos a volta por cima e fui um dos protagonistas disso. Sou grato pela experiência.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

The Warriors

Isso era pra ser apenas uma combinação de sons pra cobrir o buraco do silêncio na abertura de um jogo relativamente antigo, mas desde 2010, quando escuto essa música algumas coisas estranhas acontecem dentro de mim.

Um tipo de adrenalina começa a correr em minhas veias embaçando e atiçando rapidamente os meus sentidos. A visão fica trêmula e sensível, o olfato melhora de maneira extraordinária, sinto um sabor amargo em minha saliva, pareço flutuar nas nuvens de uma noite nublada ao mesmo tempo que tudo o que ouço são os ecos dos sintetizadores.

A angústia de me sentir sozinho e observado assume o controle tornando cada movimento do meu corpo um motivo para sentir medo. Um medo absurdo de tudo e qualquer coisa, do desconhecido. 

Aos poucos me puxo de volta para a realidade me forçando a acreditar que não há nada de sobrenatural acontecendo, se tratam apenas de traumas e alegrias registradas em minha breve história. Uma mistura de sentimentos tão homogênea que torna impossível distinguir se é bom ou ruim.  

Revivendo momentos duvidosos do meu passado obscuro acabo tornando a sanidade algo impossível. Penso que isso já é tão parte de mim que assim como o uso de qualquer droga procuro manter distância da sobriedade. Eu desejo o medo e a angústia, faço uso disso para, como consequência, atingir minha felicidade baseada em um passado que nem conheço.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Lembranças.

Estive passeando pelos meus backups e encontrei vários momentos da minha vida ali. Uma coisa que sempre foi presente e acabei deixando bastante de lado foi meu hábito de escrever durante a madrugada.

Neste momento estou ouvindo a trilha sonora de Sons of Anarchy, uma das minhas séries favoritas. No principio eu gostava de escrever ouvindo Pink Floyd, vou mudar a trilha aqui, só um minuto.


Era como um ritual. Eu preparava uma bebida que eu chamava de café gelado, composta por um litro de leite e um copo de café, tudo isso com umas 10 pedras de gelo - eu faria isso agora se não fossem os problemas de ansiedade e insônia -.

Meu método de escrita, depois fui descobrir que existem técnicas para tal, era bem simples. Eu só jogava umas duas primeiras palavras sobre um assunto e escrevia conforme as ideias batiam na minha cabeça. Por isso se você for ler os primeiros textos do blog vai notar que os assuntos eram extremamente rasos e mal desenvolvidos. Pelo menos minhas notas de português na época eram as maiores da minha turma.

Além deste blog, creio que uns meses antes, existia um site chamado kinhozzz.com.br, hoje já não existe mais. Era um refúgio mental, simplesmente postava sobre assuntos desconexos numa página de html puro com alguns gifs de gordos caindo, era ridículo e maravilhoso.

Vendo isso tudo hoje, de fora, minha rotina tinha um padrão. Eu tinha as ideias claras e conseguia suprir minhas expectativas. Por isso carrego o número 17 tatuado no braço, a idade que eu tinha neste período. Sei que hoje são tempos políticos e que posso apanhar na rua por conta disso, mas eu cago pra politica atualmente.

O ponto no qual quero chegar é que durante minha adolescência eu acreditei que minha infância havia sido boa, e foi. Porém o fato de enxergar tudo cinza e sem vida fez com que eu acreditasse que os melhores dias da minha vida estavam entre os meus 6 e 10 anos de idade. Com 17 anos eu não conseguia pensar no quanto era bom conseguir sair com a garota que eu quisesse, não ter responsabilidades forçadas impostas a mim, estudar e trabalhar com o que eu gostava, ouvir o que eu queria quando eu queria e tudo mais.

Hoje, com quase 23 anos vejo que eu estava errado, meus 17 foram melhores que os 10, e tenho certeza que meus 23 serão melhores que os 17 e... Espera um minuto, não é uma competição! Temos momentos bons e momentos ruins em vários períodos da vida.

Recentemente tive que trancar minha faculdade por conta do meu trabalho, não foi um esforço muito grande, não me encontrei totalmente no que eu estava estudando. No dia que pisei na universidade e saí da secretaria com o protocolo de trancamento na mão me bateu um aperto no peito enorme. Talvez os piores dias da minha vida eu tenha passado dentro daquela faculdade, isso foi um dos motivos de ter sido uma decisão fácil de tomar. Pensei um pouco e descobri que haviam momentos bons que vivi ali e naquele momento tive uma onda de pensamentos, sentei no banco que eu costumava fumar um cigarro antes de entrar na aula e refleti sobre isso.

O objetivo da vida de cada um é estabelecido pela própria pessoa que a vive. Fato! Mas existe um objetivo em comum dentro de todo mundo que ainda respira, formar boas lembranças. Vou explicar.

Eu vivi de 2015 pra cá pensando "nossa, meu presente é uma bosta, minha adolescência era muito melhor, saudades de quem eu era..." e acabei esquecendo de viver o presente. Hoje eu olho pra trás e vejo que esse período (2015 - hoje) foi o que originou as melhores lembranças da minha vida. Isso mesmo, meus amigos, provei pra mim mesmo que estive errado.

O objetivo em comum na vida de todo mundo não é ter bens materiais ou acumular experiência em algo, isso é um objetivo pessoal. O "X" da questão é focar no presente, viver o que a vida te oferece e aproveitar o máximo disso. Sua infância foi uma boa ou ruim? Sua adolescência foi boa ou ruim? Não importa, já passou. Devemos viver o presente sem comparar com o quão bom ou ruim foi o passado ou nas consequências que seu passado terá no seu futuro.

Espero daqui uns 10 anos olhar pra trás, nos meus backups, e ver o quão bom era morar sozinho, ter poucos móveis e ter esse sentimento que estou tendo agora.

Não é pra comparar, é pra viver.